PET/CT NEUROLÓGICO COM FDG – 18F
A tomografia por emissão de pósitrons (PET) é um procedimento de imagem molecular utilizado na detecção e avaliação diagnóstica, além do acompanhamento de resposta terapêutica precoce de muitas doenças. As imagens adquiridas funcionais do PET associadas às imagens da tomografia computadorizada (CT) de alta resolução e baixa dose de radiação são adquiridas num intervalo de tempo determinado após a administração do radiofármaco por via endovenosa, a depender do objetivo diagnóstico. No tecido cerebral o metabolismo da glicose fornece aproximadamente 95% do ATP necessário para a função cerebral. Em condições fisiológicas, assim como em algumas patologias, o metabolismo da glicose está fortemente ligado à atividade neural. Deste modo, doenças que induzem mudanças na atividade neuronal são refletidas em alterações no metabolismo da glicose, o que pode ser observado em determinados padrões nas imagens adquiridas pelo PET. O FDG-18F (fluordeoxiglicose) é um radiofármaco disponível no Brasil que após a sua administração endovenosa permite a aquisição de imagens que refletem o consumo regional de glicose cerebral com PET, pois o mesmo se acumula no tecido cerebral.
O PET com FDG-18F é o método in vivo mais acurado na avaliação do metabolismo cerebral. Previamente à injeção do radiofármaco os níveis de glicemia do paciente são verificados. Tal procedimento é necessário, pois quando o nível de glicemia está elevado, ocorre uma competição entre a glicose do plasma sanguíneo e o radiofármaco (fluordeoxiglicose) pela na enzima transportadora de glicose presente nas células, distorcendo o padrão de distribuição normal do radiofármaco e reduzindo a acurácia diagnóstica. A correção aguda da hiperglicemia com insulina não contribui para melhorar a qualidade das imagens, especialmente na pesquisa de demências, pois a correção dos níveis glicêmicos com deposição de glicose no nível intracelular ainda permanecerá abaixo dos níveis de glicose no plasma. Portanto, pacientes diabéticos devem ser medicados adequadamente para atingir bons níveis glicêmicos previamente ao exame. Nos pacientes em que objetivo diagnóstico é a avaliação de tumores cerebrais, a hiperglicemia não precisa ser corrigida.
Principais Indicações Clínicas:
Auxiliar no diagnóstico diferencial de demências, tais como Doença de Alzheimer (DA), demência frontotemporal e outras.
Neuro-oncologia: detecção de tecido tumoral viável.
Epilepsia: avaliação pré-operatória de pacientes adultos e crianças (identificação da área com déficit funcional).
Contraindicações
- Gravidez;
- Mulheres devem interromper a amamentação por 24 horas após a realização do PET;
- Incapacidade do paciente em cooperar com o procedimento.
Efeitos Colaterais
Reações ao radiofármaco são extremamente raras e quando ocorrem são de leve intensidade. Alguns efeitos descritos na literatura são: febre, náusea, eritema, rash cutâneo, cefaleia, dor torácica, hipotensão, tontura, astenia e outros.
Como solicitar
PET/CT Neurológico (com Fluordeoxiglicose-18F)
SUS:
* Incluir o CID, hipótese diagnóstica e/ou indicação do exame.
Preparo
É necessária dieta livre de carboidratos 12 horas antes do exame, assim como jejum mínimo 6 horas antes. O consumo apenas de água está permitido neste período de jejum. O consumo de água é importante para que o paciente esteja bem hidratado para promover rápida eliminação do radiofármaco pela urina.
Considerações Finais
O exame clínico é fundamental no diagnóstico diferencial das demências. Os exames de imagem podem ser ferramentas auxiliares que podem fazer a diferença no diagnóstico. Em uma meta-análise conjunta de 27 estudos que avaliaram o PET com FDG-18F no diagnóstico da doença de Alzheimer (DA), o mesmo apresentou sensibilidade 90% (IC95%) e especificidade de 89% (IC95%). O PET também apresentou maior precisão no diagnóstico de pacientes com DA quando comparado ao grupo controle, incluindo aqueles com comprometimento cognitivo leve, com sensibilidade 92% (IC95%) e especificidade de 78% (IC95%). Quando comparado a outros métodos de diagnóstico, tal como ressonância magnética, tomografia computadorizada, cintilografia cerebral e vários biomarcadores, o PET é o método com maior sensibilidade de 91%.
O diagnóstico diferencial entre DA das demais demências tem sido amplamente estudado através do PET com FDG-18F. Alguns estudos tem demonstrado sensibilidade e especificidade de 85% no diagnóstico diferencial entre DA e demência frontotemporal, assim como sensibilidade de 90% e especificidade de 70% no diagnóstico diferencial entre DA e demência por corpúsculos de Lewy.
No que se refere a tumores malignos cerebrais o PET com FDG-18F pode contribuir no diagnóstico diferencial entre tumores malignos, tumores benignos primários e tumores secundários. Em um estudo com 106 pacientes a sensibilidade do PET no diagnóstico diferencial entre linfoma do sistema nervoso central, gliobastoma multiforme e metástases foi de 84% e especificidade de 80%, onde os valores de SUV e padrão de concentração do radiofármaco são muito superiores em tumores primários, quando comparado com as demais patologias anteriormente citadas. Alguns estudos sugerem valor de SUV=15 como cuto-ff. Na imagem abaixo é possível observar o padrão metabólico do PET em (a) tumores primários, (b) glioblastoma multiforme e (c) metástases.